7 Pecados: As Gafes da Publicidade de Moda
- Abelha Rainha
- 24 de set. de 2016
- 4 min de leitura
A moda pode ser considerada uma instituição, um movimento universal, que norteia toda uma fração da sociedade e dita não somente ideais de vestuário, como ideais de vida. As campanhas de moda, extremamente elaboradas, e por vezes dirigidas por profissionais de renome, passam a cada estação, um novo marco estabelecido pela grife.
Aficionados pelo lifestyle das marcas, se encontram atingidos diretamente por estas campanhas. As imagens estampadas sob a logo de suas marcas de afeição trazem com elas toda uma sequência de atitudes implícitas que inconscientemente acabam sendo adotadas.
Mostraremos a seguir um apanhado de campanhas que podem ser consideradas minimamente questionáveis. Muito do teor de editoriais famosamente chocantes pode ser atribuído ao contexto e época em que foram organizados, mas ainda hoje nos surpreendem.

Em 1990, a loja de departamento americana Neiman Marcus, visando promover uma coleção elaborada pela grife Escada, propôs a campanha acima, que se traduz em “Se uma mulher quer mais emoção em sua vida, ela pode usá-lo”.
Depois da década de 60, e muito depois da inserção das mulheres no mercado de trabalho, a campanha foi considerada de extremo mau gosto, e toda sua construção foi questionada. A própria disposição da imagem sugere que há um homem, literalmente, por trás desta mulher, e que sua realização deve vir por meio da moda – comportamento que já era tido como fútil, e não condizia com a real situação que as mulheres na década de 90 viviam.

A marca italiana Sisley lançou a campanha que pode ser considerada uma das mais polêmicas no meio da moda. Foi veiculada na China, em 2007. Os anos 90, e o início dos anos 2000 foram marcados pelo movimento “heroin chic” que apresentava modelos extremamente magras – tidas como usuárias de heroína, mas até então esta apologia era mais indireta. A campanha chocou não somente pelo subtítulo “Viciada em Moda”, como por toda sua construção visual.
A indústria da moda é conhecida por influenciar diretamente, e sobretudo, o público jovem, e os valores que lhe são ditados podem por vezes afetar toda sua existência. Campanhas apologéticas a qualquer que seja o comportamento, devem ser encaradas com uma maturidade que não é característica do público mais jovem. A mídia, naturalmente, ovacionou e abominou a campanha em níveis severos.
(+18) NSFW
A marca de ternos americana Suit Supply, em 2010 (!!!) lançou a campanha Shameless, “Sem vergonha”, onde expunha seus modelos em ternos eximiamente costurados, e levava a objetificação da mulher a um nível radical e explícito. E como é claro, esta exploração é praticada por homens em pleno exercício de sua calma e austeridade.
Sobretudo por seu conteúdo de intensa agressividade e tom pejorativo, a marca teve que quase instantaneamente remover a publicação e não houve sequer uma retratação por meio da marca quanto ao exposto. A hipersexualização da mulher na indústria já é assunto recorrente na moda desde que o conceito em si foi criado. E campanhas como esta são responsáveis por reforçar este caráter que pode levar inclusive a violência contra a mulher ao cotidiano da sociedade.

A joalheria italiana Schield, em 2014, divulgou uma campanha que de modo extremamente gráfico aludia a bulimia. Contextualizada sobretudo no meio da moda, que é conhecido por valorizar a magreza nociva de muitas modelos, o tema é de caráter preocupante e repercute imediatamente na saúde do seu público.
A familiar ditadura da moda, regida pelas passarelas e revistas no mundo inteiro, prega a magreza intensiva e extensiva, e muitos além de se auto mutilarem por não se encaixarem no padrão, recorrem a métodos muito perigosos para chegar ao “corpo ideal”. Ter esta prática estampada e representando uma marca de forma literal, reforça a crença nesses valores.

A marca norte americana Urban Outfitters é conhecida por atender ao público jovem e é a queridinha de muitos entre os trendsetters da atualidade pelo mundo inteiro. No entanto, o moletom com manchas de sangue não esteve citado entre os itens mais vendidos da loja.
Em 1970, no estado de Ohio, a Universidade Kent passou por uma tragédia que envolveu um atirador que feriu diversos alunos, alguns de forma fatal, e esta realidade não está tão distante de pesadelos recentes nos Estados Unidos, o que torna ainda mais questionável o posicionamento e a escolha da marca. Já envolvida em outros escândalos, a Urban Outfitters não se pronunciou a respeito do moletom ensanguentado, porém, seu período de exposição nas lojas foi muito breve.

O editorial acima foi publicado por ninguém menos que um dos principais veículos de formadores de opinião no mundo da moda, a revista Vogue Paris. O ensaio, feito em 2011, contava com a modelo Thylane Blondeau, de 10 anos de idade, posando e se vestindo de maneira extremamente sexualizada, opulenta, e adulta. Sob o título Cadeaux, “presente” em francês, a modelo está vestida com uma roupa que de fato remete a um embrulho de presente.
Uma revista que é responsável por ditar moda, formar opiniões e orientar um público a certas vertentes comportamentais, veicular uma imagem tão crua de sexualização infantil é uma verdadeira gafe (se não considerarmos a clara alusão a um crime). A pedofilia mata e destrói famílias no mundo inteiro, e a “glamourização” deste comportamento, além de grave, é digna de pena legal.
Gafes BR
Deixamos as gafes locais para o final. As marcas, respectivamente, C&A e Reserva, foram responsáveis, em suas plataformas online, por duas gafes que chocaram seus compradores. E ambas em datas bem próximas, no ano de 2015.
A C&A tem um slogan característico, “Abuse e use”, relacionado ao consumo de seus próprios produtos, mas daí a aplicá-los sobre a imagem de crianças, promovendo, literalmente, o abuso infantil, é algo que não deve ser esquecido.
Já a Reserva estampou em camisas de sua coleção infantil conteúdo não somente adulto, como sugestivo. E imbuído, ainda, de caráter sexista. Ironicamente, e como forma de “piada”, a blusa feminina induz ao abuso, e a blusa masculina o isenta de culpa. Muito curiosamente um comportamento de natureza machista.
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