Ambientes mágicos: a importância do VM na criação da identidade das marcas

Lagartas Giuliana e Jéssica
24 de set. de 2016
4 min de leitura

O interior de uma loja, independente do segmento, exerce um papel importantíssimo na decisão de compra do cliente. O interior de uma loja do segmento de moda e vestuário não é diferente. A iluminação, o mobiliário, a disposição dos objetos, os uniformes das vendedoras, a vitrine, o provador, nada está ali por acaso. Todos esses detalhes são responsáveis por comunicar a mensagem que a marca quer passar para o público, seus valores, sua identidade e manter vivo aquilo que fidelizou o cliente desde o primeiro contato.

Dentro desse universo, o Visual Merchandising é uma das ferramentas usadas para fazer com que o ambiente das lojas sejam tão influenciadores para uma compra quanto o próprio vendedor. É através do VM (abreviação para Visual Merchandising), que as lojas começaram a investir em cenografia, manequins diferenciados, pensar em temáticas para os ambientes e trabalhar tudo que envolve a comunicação comercial da marca.

Envolver os clientes e fidelizá-los, nos dias de hoje, tem sido tarefa cada vez mais árdua, afinal, o tempo é curto, os dias corridos, as compras pela internet cada vez mais em alta, bem como a exigência e padrão de excelência dos compradores. O VM é responsável por proporcionar uma experiência, fazer o cliente entrar na loja e querer passar um tempo ali, se envolver, perder a noção do tempo, entrar na filosofia da marca e, depois de tudo, comprar será uma ação natural.

Selecionamos algumas marcas que investem no VM, tornando-o uma de suas principais referências de comunicação com o público.

John John

Marca brasileira, mas muito confundida com uma internacional, a John John usa e abusa desse engano quase que proposital para chamar mais atenção do público. A marca investe bastante nessa pegada gringa com a decoração que mistura um estilo vintage com o moderno. Grandes letreiros, móveis escuros, pouca iluminação e com foco nos produtos criam um clima mais descontraído. Gaiolas imensas, mesas de sinuca no meio da loja fazem com que essa decoração seja inusitada e, no contexto que se encontra, cria um espaço harmônico, fazendo com que o cliente se sinta numa casa noturna.

A vitrine da loja também tem seu grande impacto no cliente, chamando bastante atenção com a gigante logo da marca iluminada. Algumas lojas possuem manequins na vitrine e outras não, mas todas têm seu interior escuro fazendo com que as pessoas que passam em frente tenham curiosidade para saber o que tem dentro. Painéis com seus modelos famosos e vendedores atraentes chamam ainda mais a atenção de quem passa.

Osklen

Uma marca que representa um estilo de vida que mistura o urbano e a natureza. Em suas lojas, apresenta conceitos de sustentabilidade e luxo ao mesmo tempo. O lifestyle da marca é bem presente na decoração das lojas, criando um equilíbrio perfeito entre cores neutras, luz suave, formas e a fragrância desenvolvida especialmente para a marca. A combinação de móveis de madeira reciclados e plantas espalhadas pelo ambiente proporciona conforto e tranquilidade. Os espaços entre os itens espalhados pela loja é adequado, dando a sensação de liberdade para caminhar e observar. Objetos de decoração como pranchas de surf, snowboards, livros e revistas de moda nacionais e internacionais criam uma mistura entre moda, cultura e arte.

A vitrine clara e com poucos objetos permite visualizar do lado de fora tudo o que a loja possui, gerando um interesse imediato por algo no seu interior. Tudo nela é pensado para que o cliente se sinta confortável em apreciar todos os produtos de qualquer lugar dentro da loja.

Loungerie

A Loungerie é uma líder do varejo brasileiro no segmento de moda íntima, criada em 2009, cuja proposta é oferecer produtos com preços acessíveis com qualidade e, principalmente, atendimento exclusivo e diferenciado. O foco do atendimento é seu jeito personalizado, com vendedoras preocupadas em encontrar o sutiã perfeito para a cliente, através da combinação das medidas de bojo e costas. O primeiro contato durante o atendimento já revela para a compradora, depois de tirar suas medidas, qual seu tamanho dentro da grande variedade de produtos oferecidos pela Loungerie.

Pensando bem, o primeiro contato da cliente com a marca não está no atendimento e sim através da vitrine. Ao passar em frente a loja, os olhares dificilmente não são atraídos pela decoração e toda identidade visual apresentada pela Loungerie. A combinação preto com rosa, as manequins elegantes e sexies, as infinitas prateleiras que preenchem todas as paredes do ambiente com sutiãs e mais sutiãs chamam a atenção de quem passa. É quase como o paraíso das lingeries.

A iluminação é quente, tornando o ambiente intimista. Alguns spots de luz direcionados dão o toque de design moderno, fotos de moda, polka dots no papel de parede (e na sacola da loja) e muita renda fazem parte da identidade visual da marca. O ponto alto está nos provadores, que transformam a experiência de vestir uma peça perfeita ainda mais especial, como se fosse um quarto de hotel luxuoso, com jogo de luz e espelho que deixam qualquer mulher se sentindo poderosa.

Havaianas

Desde 1962, a marca dos chinelos mais queridos e conhecidos do mundo construiu seu império e muito disso se deu através da comunicação proveniente das estratégias de Visual Merchandising. Desde os produtos diferenciados e originais, passando pelo lifestyle criado até as propagandas com pessoas famosas e celebridades amadas, a marca sabe se comunicar, envolver e, principalmente, fazer o cliente comprar um status, uma experiência, muito mais que um produto.

Se olharmos as lojas, não foram sempre como são hoje. Essa última repaginada da Havaianas trouxe a essência brasileira para dentro da loja. É carioca, é praia, é calçadão de Copacabana, é sombra e água fresca, ou seja, o que se sente ao entrar na loja é a perfeita "vibe" sossegada e cool. A iluminação mais clara dá a sensação de dia ensolarado, o coqueiro perto dos biquínis, uma bicicleta... quer mais brasileiro? Móveis de madeira, paredes de paletes e provadores que lembram casas de praia. Os produtos dispostos em barracas de feiras, dentro de cestos e com preços escrito em plaquinhas com giz. As sandálias ficam empilhadas da forma mais organizada e sedutora de todas: por cor, formando um arco-íris na parede, por tema ou por idade. Outro detalhe interessante é a ausência de vitrines em algumas filiais e o ponto alto é a loja conceito localizada na Oscar Freire, em São Paulo, um espaço de 300 metros quadrados criado pelo arquiteto Isay Weinfeld, que reúne acabamento e decoração que valorizam a cultura brasileira e esbanjam tecnologia – os containers revestidos de telas de vídeo reproduzem imagens e animações.